CID-11: entenda o que mudou na nova versão
A CID é usada para ajudar a padronizar, monitorar e otimizar o estudo de doenças. Esse documento muito importante é atualizado de tempos em tempos, de modo a acompanhar a evolução da medicina, além de refletir as mudanças na sociedade. Atualmente, a versão válida é a CID-11, que substituiu, em 2022, a CID-10.
Quer entender melhor como funciona esse documento e conhecer as mudanças da nova CID? Basta continuar a leitura!
O que é CID?
CID é a sigla para Classificação Internacional de Doenças, em inglês, International Classification of Diseases (ICD). Trata-se de uma tabela que, atualmente, conta com mais de 55 mil códigos únicos para doenças, lesões e causas de morte. Seu objetivo é padronizar e classificar doenças, agravos, lesões e outras condições de saúde de modo abrangente e hierárquico.
A CID permite que o armazenamento, recuperação e análise das informações de saúde seja realizado de maneira mais fácil, proporcionando o monitoramento de estatísticas que podem evidenciar as vulnerabilidades de um país e, consequentemente, a compreensão de onde é preciso direcionar energia e recursos para a saúde global.
Além disso, antes da existência da CID, havia muita confusão relacionada aos nomes das doenças, gerando problemas de tradução, falhas em diagnósticos, entre outras complicações.
Sem essa classificação, cada país ou região poderia ter a sua classificação única que valeria somente no local em que foi criada. Em um mundo com cerca de 7.000 línguas, uma doença poderia ter diversas formas de diagnóstico, dificultando ainda que os médicos compreendessem prontuários de outro país.
A partir da adoção de um documento pelo mundo todo, ficou mais fácil para que os médicos pudessem registrar e analisar o histórico do paciente.
Por que a CID foi atualizada?
A medicina evolui ao longo dos anos, surgindo a necessidade de alterar a classificação das patologias. O próprio comportamento da sociedade passa por mudanças que podem gerar novas condições que precisam ser classificadas.
Além disso, o código básico da CID não pode ser alterado, mas os países podem se candidatar para desenvolver adaptações, adicionando detalhes de acordo com seus sistemas e circunstâncias de saúde.
Todos os anos, a OMS verifica dados incompatíveis entre os países e realiza a padronização. Porém, com o passar do tempo, várias versões diferentes podem surgir, tornando necessário uma versão nova e unificada para redefinir o sistema.
A CID era revisada a cada década, sendo que a CID-10 havia sido lançada em 1990. Durante a Assembleia Geral da Associação Mundial de Saúde no ano 2000, foi tomada a decisão de adequar a CID para o século 21.
Quais são as principais mudanças na CID-11?
A CID-10 contava com 14.000 códigos, já a nova CID-11 tem mais de 55.000. Sua versão final foi lançada em fevereiro de 2022 e contou com informações de mais de 90 países, além de envolver prestadores de serviços de saúde. Abaixo você confere algumas das atualizações realizadas.
Formato eletrônico
Com um formato eletrônico, as alterações agora poderão ser realizadas ao vivo e todos poderão consultá-las. Com isso, provavelmente demore mais tempo até que seja necessário lançar uma nova atualização.
Clareza dos termos
Os termos agora são descritos com maior clareza e contam com detalhes importantes para facilitar o entendimento para o público geral. Com isso, espera-se que a informação seja mais acessível para todos.
Gaming disorder
O uso abusivo de jogos eletrônicos passou a constar como “Gaming disorder” (código 6C51), na sessão de transtornos que podem causar vícios. A OMS definiu a patologia como um “padrão de comportamento persistente ou recorrente” que compromete áreas de funcionamento pessoal e social.
O objetivo é desenvolver programas de tratamento, além de aumentar a atenção para os riscos da doença e medidas para prevenção e tratamento.
Autismo
Na CID-11, todos os transtornos que fazem parte do espectro do autismo foram reunidos, incluindo a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Rett, o transtorno com hipercinesia e o transtorno desintegrativo da infância. Agora, todos eles passam a fazer parte de um diagnóstico que é o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), com o código 6A02.
As subdivisões se relacionam aos prejuízos na deficiência intelectual ou da linguagem funcional. O objetivo foi a facilitação do diagnóstico, além de simplificar a condição para promover melhor acesso aos serviços de saúde.
Apenas a Síndrome de Rett não entrou na unificação e agora conta com um código novo (LD90.4).
Transexualidade
A transexualidade constava na lista de doenças mentais com o nome de “distúrbio de identidade de gênero”. Agora, ela passa a fazer parte da categoria de saúde sexual, no Capítulo 17, sendo reclassificada como “incongruência de gênero”.
Já se sabe que a transexualidade não é um distúrbio mental e essa classificação antiga gerava estigmatização. A permanência do CID tem como intuito garantir o acesso às intervenções como cirurgias e terapias.
Síndrome de Burnout
A Síndrome de Burnout passou a ser categorizada como uma doença de trabalho, deixando de ser uma doença mental. Com essa mudança, a doença agora passa a ser um problema de gestão empresarial, atribuindo a responsabilidade à empresa e permitindo que o trabalhador possa requerer indenizações na Justiça do Trabalho.
Resistência antimicrobiana
O uso excessivo de antibióticos pela população tem gerado microrganismos mais resistentes. Com o objetivo de mapear o problema ao redor do mundo com eficiência, a CID-11 agora traz uma definição melhor de códigos de resistência antimicrobiana, sendo que estes agora estão alinhados ao Sistema Global de Vigilância da Resistência Antimicrobiana (GLASS).
Medicina tradicional
O Capítulo 26 do CID-11 aborda a medicina tradicional. Sua inclusão tem como objetivo poder realizar o acompanhamento e registro dessas práticas para poder analisar seu impacto na saúde da população.
Além das alterações citadas acima, como surgiram muitos avanços em diversos tratamentos, foi realizada uma modificação em seções do documento com o objetivo de torná-lo mais atualizado. Esse é o caso da seção do HIV, estresse pós-traumático, entre outros.
Houve ainda a incorporação de todas as doenças raras, um grande avanço para muitas pessoas que sofrem com essas patologias. Você pode conferir mais informações no site oficial da OMS.
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