Dia Internacional da Enfermagem: conheça 5 profissionais que marcaram a história
No dia 12 de maio, é celebrado o Dia Internacional da Enfermagem, uma data instituída pelo Decreto nº 2.956, de 10 de agosto de 1938, e de extrema importância para a valorização e reconhecimento dos profissionais que dedicam suas vidas ao cuidado da saúde das pessoas.
Desde a Idade Média até os dias atuais, a Enfermagem teve uma trajetória repleta de desafios e conquistas, e é através dos enfermeiros que muitos pacientes encontram conforto e segurança nos momentos mais delicados.
Neste artigo, vamos conhecer a história de cinco enfermeiros que deixaram sua marca na profissão e ajudaram a construir a Enfermagem que conhecemos hoje. Acompanhe conosco e descubra como esses profissionais foram fundamentais para o desenvolvimento da Enfermagem moderna.
1. Florence Nightingale – Fundadora da enfermagem moderna
Florence Nightingale, nascida em Florença, na Itália, em 1820, é considerada a fundadora da enfermagem moderna. Sua educação privilegiada, com ênfase em matemática, literatura e história, a tornou uma mulher à frente de seu tempo.
Aos 14 anos, Florence concluiu que cuidar dos enfermos era sua vocação, o que relatou em suas obras como sendo um chamado de Deus, porém, sua família não autorizou que Florence estudasse enfermagem e que se dedicasse aos cuidados dos doentes pobres. A profissão não era bem-vista até então, e mulheres que a desempenhavam eram pobres ou faziam parte de igrejas, como algo inerente à vocação religiosa.
Aos 31 anos, Florence entrou para um curso de treinamento no Instituto de Diaconisas de Kaiserwerth, na Alemanha, sob o comando do pastor Theodor Fliedner. Em 1852, Florence visitou hospitais em Dublin e Edimburgo e entrou em contato com diferentes condições e métodos de tratamento. Foi em Paris, no recém-inaugurado Hospital Lariboisiére, que ela vislumbrou alternativas para tratar as pessoas, proporcionando o contato dos pacientes com o ar fresco e a luz.
Com o início da Guerra da Crimeia, em 1853, milhares de soldados foram trabalhar em hospitais no tratamento aos feridos em conflito. O exército britânico não permitia a contratação de enfermeiras, o que dificultou os cuidados aos combatentes e gerou um estado de negligência.
Por conta das condições desumanas, o ministro Sidney Herbert pediu que ela formasse uma equipe e se juntasse às tropas para atender os militares. Em 1854, Florence tornou-se a chefe de enfermagem em Scutari, na Turquia, onde encontrou os soldados em péssimo estado e um quadro deficiente de utensílios para higiene pessoal e alimentação.
Com seu conhecimento profissional adquirido até então, ela reforçou a limpeza do local, expôs os militares ao ar fresco, criou um plano de alimentação adequado a cada tipo de doente e enfatizou a importância do repouso. O empenho de Florence e sua equipe foi satisfatório, já que a mortalidade caiu drasticamente, o que rendeu a ela reconhecimento internacional.
Após a guerra, Florence retornou à Inglaterra e fundou a primeira Escola de Enfermagem da Inglaterra, no Hospital de St. Thomas, em Londres, que mais tarde se tornou parte do King’s College. Ela escreveu diversos livros e artigos sobre esses temas e se tornou uma das figuras mais importantes no desenvolvimento da enfermagem moderna.
Florence Nightingale faleceu em 1910, mas seu legado continua vivo, e ela é lembrada como uma das mulheres mais influentes da história da enfermagem. O Dia Internacional da Enfermagem, celebrado em 12 de maio, data de seu nascimento, é uma homenagem a essa grande enfermeira e sua contribuição para a profissão.
2. Anna Nery – A primeira enfermeira do Brasil
Anna Nery é uma figura histórica importante para a enfermagem no Brasil, sendo considerada a primeira enfermeira do país. Natural da Bahia, ela nasceu em uma família abastada e com fortes laços com o Exército brasileiro. Aos 23 anos, casou-se com Isidoro Antônio Nery, capitão-de-fragata da Marinha, mas infelizmente, o casamento durou apenas seis anos, pois ele morreu enquanto estava a trabalho no Maranhão.
Aos 29 anos, Anna ficou viúva com três filhos para criar. Ela se dedicou à educação deles até que, quando já estavam adultos, foram convocados para lutar na Guerra do Paraguai. Anna não quis se afastar dos filhos e, por isso, se apresentou como voluntária para cuidar dos feridos enquanto o conflito durasse.
Embora não fosse enfermeira, ela possuía as noções básicas da atividade e, quando chegou no Rio Grande do Sul, aprendeu mais sobre enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. Anna foi incorporada ao Décimo Batalhão de Voluntários e começou seu trabalho no Hospital de Corrientes, onde encontrou cerca de seis mil soldados internados e poucas freiras vicentinas atendendo a todos eles.
As condições de higiene eram ruins, faltavam materiais e remédios, e o número de feridos só crescia. Doenças como cólera, febre tifóide, disenteria, malária e varíola ameaçavam a saúde dos soldados mais do que os ferimentos.
Anna criou uma enfermaria-modelo em Assunção com seus próprios recursos e organizou os hospitais de campanha, estabelecendo regras para organizar os trabalhos. Tratava igualmente os feridos dos dois lados da Guerra, o que irritava o Comando do Exército Brasileiro.
Apesar de ter perdido seu filho caçula no conflito, sua dedicação e coragem foram reconhecidas pelo imperador D. Pedro II, que lhe concedeu uma pensão vitalícia do governo e condecorou com as medalhas de prata Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de Primeira Classe.
Quando a Guerra do Paraguai acabou, em 1870, Anna voltou ao Brasil com três órfãos de guerra para criar. Ela foi considerada a primeira enfermeira brasileira e faleceu no Rio de Janeiro, há 140 anos, no dia 20 de maio.
Em 2009, Anna Nery tornou-se a primeira mulher a entrar para o Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.
Sua história está documentada no Museu Nacional da Enfermagem, fundado em 2010 pelo Conselho Federal de Enfermagem em Salvador, na Bahia. Seu legado é comemorado anualmente na Semana da Enfermagem e no Dia do Técnico de Enfermagem, celebrado em 20 de maio, data de seu falecimento.
3. Mary Eliza Mahoney – a primeira enfermeira negra formada nos Estados Unidos
Mary Eliza Mahoney foi uma enfermeira norte-americana que se tornou a primeira enfermeira negra a se graduar nos Estados Unidos, em 1879. Ela nasceu de pais libertos escravos, oriundos da Carolina do Norte, que se mudaram para o norte antes da Guerra Civil em busca de uma vida com menos discriminação racial. Sua contribuição foi fundamental para a quebra de barreiras raciais na enfermagem e na saúde pública.
Antes de sua graduação, Mary trabalhou como enfermeira não certificada em um hospital em Boston por 15 anos, período em que se dedicou a aprender tudo o que podia sobre a profissão. Sua determinação e habilidade impressionaram seus colegas e supervisores, o que a levou a ser aceita no programa de treinamento de enfermagem no New England Hospital for Women and Children.
Durante seu treinamento, Mary se destacou como uma estudante dedicada e diligente, além de ser uma líder nata. Sua graduação foi um marco na história da enfermagem e um exemplo para outras mulheres negras que desejavam seguir carreira na área.
Mary Mahoney continuou sua carreira como enfermeira por mais de 40 anos, atendendo a pacientes em suas casas e ajudando a estabelecer a Associação Nacional de Enfermeiras Graduadas. Seu legado continua a inspirar profissionais da enfermagem e a incentivar a inclusão e diversidade na área da saúde.
4. Dorothea Dix – Enfermeira e ativista que desafiou noções de saúde e doença no século XIX
Dorothea Lynde Dix nasceu em 4 de abril de 1802, em Hampden, Maine. Ela cresceu em uma família difícil, com um pai ministro itinerante e uma mãe lutando com problemas de saúde mental. Para ajudar a família, Dorothea assumiu tarefas domésticas desde muito jovem. Aos doze anos, ela saiu de casa e foi morar com sua avó.
Dix se tornou professora e publicou um livro popular para professores, mas sua saúde mental e física foi afetada pelas demandas da profissão e crises de doença. Em 1836, ela viajou para a Europa para se recuperar e lá conheceu reformadores como William Rathbone, Elizabeth Fry e Samuel Tuke.
Ao retornar para Boston, ela percebeu sua paixão pela defesa e reforma, concentrando seu trabalho em melhorar o tratamento de doentes mentais, presos e pobres. Ela começou ensinando a Escola Dominical para presidiárias e, em 1843, publicou um “Memorial ao Legislativo de Massachusetts” argumentando contra o tratamento de pacientes com doenças mentais.
Dix visitou várias prisões e asilos em toda a Costa Leste dos EUA e em Illinois, pesquisando o tratamento de doentes mentais. Ela produziu vários panfletos, relatórios e memoriais decretando mudanças no tratamento dos doentes mentais e foi fundamental na legislação necessária para estabelecer hospitais psiquiátricos em vários estados dos EUA e até mesmo no exterior.
Com o início da Guerra Civil em 1861, Dix mudou seu foco para enfermagem e foi nomeada Superintendente de Enfermeiras do Exército. Ela organizou e supervisionou as enfermeiras nos hospitais do Exército da União, ganhando o apelido de “Dragon Dix” por sua abordagem rígida e dominadora.
Dorothea Dix foi uma figura importante no campo da enfermagem e da saúde mental no século XIX, desafiando noções ultrapassadas e lutando por mudanças necessárias. Seu trabalho teve um impacto significativo na melhoria do tratamento de pacientes doentes mentais e na profissão de enfermagem.
5. Mary Seacole – Enfermeira e empresária durante a Guerra da Crimeia
Mary Jane Seacole, nasceu na Jamaica, em 23 de novembro de 1805, e deixou um legado significativo para a enfermagem. Filha de uma negra nativa livre da Jamaica e de um oficial escocês, ela teve contato com o atendimento a doentes desde cedo, por meio de sua mãe, e atuou na assistência durante endemias de cólera e febre amarela em seu país e em nações vizinhas, como nas Bahamas, Haiti, Cuba e Panamá, que também sofriam com doenças tropicais.
Em 1854, ela se inscreveu para participar da equipe de enfermagem de Florence Nightingale, com o objetivo de cuidar dos soldados feridos da Guerra da Criméia. Infelizmente, ela foi recusada por ser negra, mesmo tendo cartas de recomendação dos governos da Jamaica e do Panamá.
No entanto, Mary Jane não desistiu e se dirigiu à Crimeia por meios próprios, onde fundou o British Hotel para custear as despesas do atendimento para doentes e feridos de ambos os lados. Sua dedicação e habilidade eram tão admiráveis que os combatentes a apelidaram de “Mãe Seacole”.
Após a guerra, quando Mary Jane ficou à beira da miséria, os soldados ingleses que ela ajudou angariaram recursos para seu sustento. No entanto, sua história foi esquecida pela história. Sua autobiografia, “Wonderful Adventures of Mrs. Seacole in Many Lands”, foi resgatada em um sebo de Londres por uma enfermeira inglesa em 1973.
Em 1881, a brava enfermeira jamaicana faleceu. Quando sua história foi revelada, ela foi reverenciada em seu país com a maior honraria, a Ordem do Mérito Jamaicano, em 1991, e na Inglaterra, Mary Jane foi votada como a maior personalidade negra britânica em 2004.
Parabéns aos enfermeiros!
O Dia Internacional da Enfermagem é uma data importante para valorizar e reconhecer os profissionais que dedicam suas vidas ao cuidado da saúde das pessoas. Desde a Idade Média até os dias atuais, a Enfermagem teve uma trajetória repleta de desafios e conquistas, e é através dos enfermeiros que muitos pacientes encontram conforto e segurança nos momentos mais delicados.
Neste artigo, conhecemos a história de cinco enfermeiros que deixaram sua marca na profissão e ajudaram a construir a Enfermagem moderna. É importante reconhecer e valorizar a contribuição de profissionais como Florence Nightingale, Dorothea Dix e tantos outros que deixaram um legado significativo para a Enfermagem e para a saúde como um todo.
Mas também devemos sempre ressaltar a importância de milhares de profissionais que atuaram e ainda atuam na área diariamente. Parabéns a todos!
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