Infecções hospitalares: o que são e como preveni-las?
As infecções hospitalares são um problema grave e bastante comum em todo o mundo, afetando pacientes internados em hospitais, clínicas e outros estabelecimentos de saúde. Essas infecções podem ser causadas por diversos microrganismos e têm o potencial de prolongar o tempo de internação, aumentar os custos hospitalares e até mesmo levar a óbito.
No entanto, com medidas simples e eficazes de prevenção, é possível reduzir significativamente a incidência desse problema. Neste conteúdo, abordaremos o que são infecções hospitalares, os tipos existentes, as mais comuns, além de como preveni-las e o papel fundamental dos profissionais de saúde nesse processo. Se você quer saber mais sobre o assunto, continue a leitura!
O que são infecções hospitalares?
Infecções hospitalares, ou Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), são infecções adquiridas durante a internação ou tratamento em hospitais, clínicas e outros estabelecimentos de saúde.
São classificadas dessa forma as infecções que surgem a partir de 72 horas após a admissão do paciente, quando não se sabe o período de incubação do agente infeccioso e não há evidência clínica ou laboratorial da infecção no momento da internação.
Essas infecções podem ser causadas por bactérias, vírus, fungos ou outros micróbios, e podem ser transmitidas de pessoa para pessoa ou através do contato com superfícies ou equipamentos contaminados.
Fatores de risco para infecções hospitalares
Os pacientes hospitalizados apresentam maior risco de contrair infecções, pois estão expostos a diversos fatores de risco, como:
- Fragilidade imunológica: muitos pacientes hospitalizados possuem um sistema imunológico enfraquecido, tornando-os mais suscetíveis a infecções. Este é o caso de bebês prematuros, crianças doentes, idosos, diabéticos, pessoas com doenças degenerativas e pacientes tratados com quimioterapia ou esteroides;
- Procedimentos invasivos: procedimentos como cirurgias, cateterismos e intubações podem introduzir bactérias e outros microrganismos no corpo do paciente, aumentando o risco de infecções;
- Uso de dispositivos médicos: o uso de dispositivos médicos, como sondas e ventiladores, pode facilitar a proliferação de bactérias e outros microrganismos;
- Uso indiscriminado de antibióticos: o uso excessivo e inadequado de antibióticos pode levar à resistência bacteriana e aumentar o risco de infecções.
Também é importante ressaltar que, quanto maior o período de internação, maior será o risco de adquirir uma infecção deste tipo, uma vez que aumenta também o período de exposição aos microrganismos.
Quais tipos de infecções hospitalares existem?
Existem diferentes tipos de infecções hospitalares, que são classificadas de acordo com o microrganismo e a forma de entrada no corpo. As IRAS, ou infecções relacionadas à assistência à saúde, podem ser categorizadas em:
- Endógena: causada pela proliferação de microrganismos presentes no próprio corpo do paciente. Esse tipo de infecção é mais comum em pessoas com sistema imunológico comprometido.
- Exógena: causada por microrganismos que não fazem parte da microbiota do paciente. Esses microrganismos podem ser adquiridos através das mãos dos profissionais de saúde, de procedimentos invasivos, medicamentos ou alimentos contaminados.
- Cruzada: ocorre quando há a transmissão de microrganismos entre os pacientes internados em uma mesma UTI, por exemplo.
- Inter-hospitalar: são infecções adquiridas em um hospital e levadas para outro hospital, quando o paciente é transferido.
Para prevenir a ocorrência de infecções hospitalares, é importante identificar o tipo de infecção e adotar medidas de prevenção e controle de microrganismos específicas para cada situação. Por isso, a Comissão de Controle de Infecção do hospital deve estar atenta e agir rapidamente para evitar a disseminação dessas infecções.
Quais são as infecções hospitalares mais comuns?
Existem diversas infecções relacionadas à assistência à saúde, entre as principais podemos citar:
- Infecção do trato urinário associada a cateter vesical – essa infecção é causada pela colonização de microrganismos na bexiga através do cateter vesical, que é um dispositivo utilizado para drenar a urina. É considerada uma das infecções mais comuns e pode levar à pielonefrite, uma infecção renal grave.
- Pneumonia associada à ventilação mecânica – essa infecção é adquirida por pacientes que necessitam de ventilação mecânica prolongada, sendo a principal causa de morte entre as infecções hospitalares. Os microrganismos presentes no tubo endotraqueal podem colonizar o trato respiratório, causando pneumonia.
- Infecção da corrente sanguínea associada a cateter venoso central – essa infecção é causada pela colonização de microrganismos no cateter venoso central, que é um dispositivo utilizado para administração de medicamentos ou coleta de amostras de sangue. É considerada uma das infecções mais graves e pode levar à septicemia e até mesmo óbito.
- Infecção de sítio cirúrgico – essa infecção é adquirida após uma cirurgia e ocorre quando os microrganismos colonizam o local da incisão. É considerada uma das infecções mais comuns em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos e pode levar a complicações graves, como infecção profunda e sepse.
Como prevenir infecções hospitalares?
Como as infecções desse tipo costumam ter uma origem multifatorial, é importante seguir práticas rígidas como forma de prevenção, por todos os colaboradores (mesmo os que não têm contato com o paciente), além do próprio paciente, seus familiares e visitantes. Confira abaixo algumas das medidas que podem ser tomadas.
Higienização das mãos
A higienização das mãos é uma das medidas mais eficazes para prevenir a transmissão de infecções hospitalares. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mãos são consideradas as principais vias de transmissão de microrganismos. Sendo assim, é fundamental que os profissionais de saúde realizem a higienização das mãos antes e após o contato com os pacientes, após a realização de procedimentos e antes de colocar e após retirar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Regras para visitas
As regras para visitas também são importantes para prevenir infecções hospitalares. É necessário limitar o número de visitantes, garantir que eles não estejam doentes e que higienizem as mãos antes e depois da visita. Além disso, é fundamental que os visitantes sigam as regras de isolamento e usem EPIs, quando necessário.
Uso adequado de equipamentos de proteção
O uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é outra medida importante para prevenir a transmissão de infecções hospitalares. Objetos como luvas, máscaras, aventais e óculos de proteção devem ser utilizados de acordo com o tipo de contato com o paciente e o tipo de precaução.
Além disso, é importante que os profissionais de saúde sejam treinados para o uso adequado dos equipamentos e que eles estejam disponíveis em quantidade suficiente para o uso contínuo.
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)
É fundamental que cada instituição possua uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), responsável por monitorar a ocorrência de infecções, identificar os riscos, desenvolver medidas preventivas e realizar treinamentos para os profissionais de saúde.
Essa comissão é composta por uma equipe multidisciplinar, que inclui médicos, enfermeiros, farmacêuticos, microbiologistas e outros profissionais da saúde.
Limpeza e desinfecção de superfícies
A limpeza e desinfecção das superfícies também é essencial para prevenir a disseminação de infecções hospitalares. Enquanto a limpeza remove a sujeira visível, a desinfecção mata os microrganismos presentes nas superfícies.
Por isso, todas as superfícies que entram em contato com os pacientes, como camas, mesas e equipamentos médicos, devem ser limpas e desinfetadas regularmente e de modo adequado.
A ANVISA conta com um Manual de Limpeza e Desinfecção de Superfícies que pode ser útil para esses ambientes. Também é importante que os profissionais de saúde sigam as normas e rotinas estabelecidas pela CCIH para garantir a eficácia da limpeza e desinfecção.
Uso racional de antibióticos
O uso indiscriminado de antibióticos pode contribuir para o desenvolvimento de bactérias resistentes – as superbactérias. A resistência dos microrganismos aos antibióticos já se tornou uma das maiores ameaças à saúde global.
Deste modo, os antibióticos devem ser prescritos apenas quando necessário e na dose adequada, conforme as orientações da CCIH. Além disso, os profissionais de saúde devem acompanhar a evolução do paciente e, se necessário, reavaliar o uso dos antibióticos.
O papel dos enfermeiros na prevenção de infecções hospitalares
Os enfermeiros são muito importantes no combate às infecções hospitalares, uma vez que lidam diretamente com o paciente. Por isso, o profissional que lidera sua equipe deve capacitar os outros colaboradores de modo que, mesmo as ações mais simples como higienização das mãos e utilização adequada dos EPIs sejam realizadas.
Além disso, também é dever dos enfermeiros oferecer as instruções aos pacientes e seus acompanhantes. A educação continuada de toda a equipe por meio de discussões e reflexões em grupo também pode ajudar a identificar riscos e encontrar soluções específicas de acordo com a rotina da instituição.
Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares
O Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares é comemorado anualmente no dia 15 de maio no Brasil. A data tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da prevenção de infecções hospitalares, bem como enfatizar a necessidade de medidas de controle e combate a essas infecções nos ambientes de saúde.
A iniciativa surgiu em 1998, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com o intuito de destacar a relevância das práticas de prevenção e controle de infecções em hospitais, clínicas e demais instituições de saúde.
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